sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O Menestrel - William Shakespeare

Conheci este texto em minha primeira internação e nunca mais esqueci, e sempre que estou meio para baixo releio e volto a ter forças na minha caminhada, é um texto inspirador, simples, uma lição de vida.


Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança. Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.
Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la…
E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam…
Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.
Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens…
Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém…
Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A recuperação não tira férias - Parte 03


Bom esta parte parece fácil de contar, foi a tão sonhada viagem que a minha esposa queria, a viagem para Uruguaiana terra da mãe dela. Foi uma viagem muito boa, pois, meus sogros são pessoas ótimas que eu adoro, pessoas inteligentes, educadas, e principalmente muito carinhosos. Meu sogro é um tradicionalista convicto, mas com um coração enorme, e minha sogra nem sei o que falar, é uma pessoa amável, sei lá os dois são alegres, muito divertidos, mas quando tem que dar uma dura, eles dão.
Desde que entrei para família me tratam como se eu fosse um filho. Apesar da minha doença, e eu sei que não deve ser fácil para um pai, ou uma mãe, aceitar que sua filha case com um dependente químico, mas mesmo assim sempre me trataram muito bem, me aconselhando nos momentos difíceis, nos dando todo o apoio necessário, e como eu disse antes me tratando como um filho.
Esta viagem foi completamente diferente das outras, porque nas outras foi mais um lance de conversar com meu irmão e irmã, coisas da nossa família, coisas mal resolvidas por minha parte, algumas reparações que deveria fazer. Quando fazemos um tratamento estudamos os doze passos, que é um livro com doze sugestões que ajudam a pessoa a permanecer limpo, permanecer em pé, e quando se faz reparações é o passo nove (mas isso é uma outra história). Nesta viagem fomos nos divertir, tiramos muitas fotos (coisa que eu quase não tinha), Uruguaiana é uma cidade linda, muito bem cuidada. Fiz minha primeira viagem internacional, fui para a Argentina, nos pararam na imigração, na fronteira (ainda bem que parei com o bagulho hehehehehehehe), o legal que minha esposa estava muito feliz (aconteceram alguns contra tempos que não valem a pena serem citados), fizemos compras, eu gosto muito de relógios, acho muito tri, mas como eu não gosto de usar pulseiras, correntes, estes troços, queria muito comprar um relógio de bolso, procuramos muito até que achamos em uma loja na Argentina e o melhor minha sogra me deu de presente (obrigado sogra), foi ótimo passar estes dias com eles, ver minha esposa feliz, me fez muito bem, me deixou feliz também, e não posso deixar de dizer que depois que entrei para esta família, minha vida mudou muito porque além de me tratarem como filho, me proporcionaram conhecer um lado da vida que eu não conhecia, que é possível se divertir de cara. Passeamos muito, sempre que eles podem nos levam em algum lugar para almoçar ou jantar,  passeamos no shopping, ou simplesmente vamos na casa deles. Isso tudo graças a minha esposa que não desistiu de mim, a única coisa que eu fico um pouco chateado é que nossas famílias não se conhecem, mas fazer o que nem tudo é perfeito e tudo tem o seu momento.
PARA FINALIZAR QUERO AGRADECER: OBRIGADO SR. PEDRO AURÉLIO E SRA. SANDRA MARA POR TUDO. E OBRIGADO MINHA ESPOSA MONICA POR NÃO DESISTIR DE MIM.
Ah já ia esquecendo meu último dia de férias eu também estava às 09:00hs no consultório do psiquiatra, comecei e terminei minhas férias com ele, hehehehehehehehe.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A recuperação não tira férias – Parte 02 – Praia


Após o retorno de São Paulo fiquei uns quinze dias em casa com a minha esposa, dias ótimos. Logo no retorno já tinha uma consulta com a minha psicóloga, aonde vou e deixo um pouco dos meus fantasmas internos que ainda me assustam.
No restante dos dias aproveitei para matar a saudade da esposa, passear com ela, ler, ver filmes (coisa que eu adoro), visitar minha mãe que eu amo muito, e combinamos de ir para praia com minha irmã, foi aí que começou o grande desafio, e uma grande descoberta pra mim.
Como minha esposa não pode ir junto, pois, estava trabalhando e o meu passado me condena logo na saída pra praia já foi à maior briga. Mas não culpo a minha esposa, no início ela até aceitou na boa (naquelas) hehehehehee, mas depois ela ficou preocupada e claro com ciúme, não que eu seja o cara mais lindo do mundo, mas já fui muito canalha e mulherengo.
Nesta ida a praia descobri que não adianta o quanto eu me esforce e esteja tentando fazer as coisas corretamente, da melhor maneira possível, as pessoas que me conheceram na época da ativa nunca mais irão confiar em mim, nem minha mãe, irmã, amigos, esposa, ninguém...e não é auto piedade eles tem toda razão, ao natural as pessoas já não confiam umas nas outras, imaginam em uma pessoa que passou boa parte da vida usando drogas e mentindo. Em uma citação de Willian Shakespeare de O menestrel ele diz o seguinte “Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la...e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida”. Mas fazer o que eu tenho que conviver com isso e aceitar, e acreditar em mim, se quiser provar alguma coisa pra alguém vou recair. Acredito que talvez isso aconteça com algumas pessoas que estão há dez, vinte anos em pé, cansam de tanto querer provar alguma coisa, de que são capazes, e esquecem deles mesmo, porque o mundo nem sabe que nós existimos é cada um por si, então perdem a FÉ E RECAEM.
Uma coisa que eu já vinha observando diariamente e que se confirmou na praia é que a maioria das pessoas vivem no automático, não percebem que fazem parte de um todo. Somente vivem, acordam, trabalham, dormem, e assim automaticamente diariamente. Acho eu que se cada pessoa tirasse cinco minutos do seu dia para refletir em como as coisas acontecem no mundo, que nada é por acaso, que estamos todos interligados, pois, tudo e todos são cria do criador o mundo seria bem melhor. Na praia tive muitas conversas com minha irmã, sobre espiritualidade, algumas reveladoras sobre a família, coisas do passado, bons momentos como tive com meu irmão na primeira parte.
As vezes tenho momentos maravilhosos de espiritualidade, como tive na praia quando entrei no mar e via as ondas vindo em minha direção e no horizonte o mar se juntando com o céu, se completando e eu ali dentro em uma sensação de harmonia, de fazer parte de um todo, sentindo toda aquela energia, eu ria sozinho desfrutando de toda aquela sensação. E olhava para os lados e queria que todos sentissem a mesma coisa, mas sei que não é assim que as coisas funcionam, e nos outros dias não tive mais esta sensação, mas foi maravilhoso e fui abençoado com esta oportunidade.
Quando a gente começa a sentir estas coisas e descobrir novos sentimentos, a ter e buscar um pouco mais de entendimento, porque é muito bom e a gente começa a querer descobrir mais a responsabilidade também se torna maior, quanto mais conhecimento mais responsabilidade, não posso ficar com esse conhecimento só pra mim, todo o aprendizado, todo o amor, espiritualidade, carinho, compreensão, tem que ser transmitido e saber que cada um tem seu tempo para aprender, não é no momento que eu quero é no momento que ELE QUER. MINHA IRMÃ TE AMO.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A recuperação não tira férias. - Parte 01 - São Paulo



Bom hoje voltei ao trabalho após 30 dias de férias, mas férias somente do trabalho pois a recuperação não tira férias, aliás eu tenho que estar mais atento ainda, pois saio da minha rotina diária da qual estou acostumado, de trabalho, disciplina e claro espiritualidade, para dar lugar ao ócio.
Afinal de contas passei um ano todo trabalhando e estudando, também tenho direito de descansar. E sinceramente não me lembro de ter tido umas férias tão boas (umas eu não lembro mesmo heheheh). Meu primeiro dia de férias às 09:00 horas da manhã estava eu no consultório do psiquiatra na minha consulta mensal, após fui buscar minha carteira de identidade, coisa que não tinha a anos para poder viajar. No outro dia estava pegando o avião para São Paulo passar uns dias com meu irmão, cunhada, minha linda sobrinha. Foram cinco dias que nunca pensei que passaria com meu irmão. Uma porque antes eu estava sempre louco e tinha inveja dele, por ele ser bem sucedido. Hoje o admiro e sei que tudo que ele conseguiu não veio de graça, ele perseverou, estudou, trabalhou, enquanto eu estava fazendo festa e usando droga, ele estava em cima de um livro, e pela primeira vez em 38 anos que conversamos de verdade como homens, falei que o invejava.
Hoje o admiro e que o amo e que se ele conseguiu eu também posso, como todos podem é só ter vontade perseverar e não desanimar no primeiro problema que aparecer, aprendi muito com ele nestes dias, e como é bom que ele apesar de tudo também me ouvia. Teve uma situação em que já estava indo dormir e desci pra tomar meu remédio, quando cheguei na cozinha ele estava tomando uma taça de vinho, conversamos mais ou menos meia hora e eu fui dormir. No outro dia ele me perguntou se eu tinha ficado chateado ou de cara por ele estar bebendo, eu respondi "claro que não, quem não pode beber sou eu", eu não posso e não tenho o direito de exigir que os outros não bebam ou deixem de fazer o que quiserem, se não o mundo todo iria ter que mudar por causa de mim.
Eu tenho que aprender a viver com a minha doença, com os meus limites, e deixar os outros viverem a vida deles. Quanto tempo a minha mãe não viveu por minha causa, o meu pai, irmãos, esposa, eu queria ser o centro das atenções, invejoso, orgulhoso, auto piedoso, eu não posso mudar ninguém só a mim mesmo, como disse John Lennon "Eu estive em todos os lugares mas só me encontrei em mim mesmo".